Endometriose e infertilidade: causas, diagnóstico e soluções

Descobrir o desejo de ser mãe e, ao mesmo tempo, enfrentar a dificuldade para engravidar pode ser uma experiência dolorosa — especialmente quando a endometriose e a fertilidade se tornam um desafio combinado.

A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina, e entender como ela interfere na capacidade de engravidar é o primeiro passo para buscar soluções eficazes.

Neste artigo, você vai entender:

  • Por que a endometriose pode afetar a fertilidade
  • Como é feito o diagnóstico para casos de infertilidade com suspeita de endometriose
  • Quais são as opções de tratamento disponíveis, com e sem reprodução assistida
  • Como o acompanhamento especializado pode mudar o rumo da sua jornada

Por que a endometriose pode afetar a fertilidade?

A relação entre endometriose e fertilidade não é automática: algumas mulheres com endometriose engravidam naturalmente, enquanto outras enfrentam obstáculos importantes. Isso acontece porque a forma como a doença se manifesta varia de corpo para corpo.

A seguir, entenda os principais mecanismos pelos quais a endometriose pode dificultar a gestação:

Inflamação crônica no ambiente pélvico

Os focos de endometriose liberam substâncias inflamatórias que alteram o equilíbrio do sistema reprodutor. Isso pode prejudicar a qualidade dos óvulos, alterar a receptividade do endométrio e dificultar a fecundação.

Aderências e distorção anatômica

Com o tempo, a inflamação pode causar aderências — cicatrizes internas que colam órgãos entre si, como trompas, ovários, útero e intestino. Essas aderências distorcem a anatomia da pelve e comprometem a mobilidade das trompas e a liberação dos óvulos.

Reserva ovariana reduzida

A endometriose, especialmente quando afeta os ovários (como nos endometriomas), pode acelerar a perda da reserva ovariana e impactar a qualidade dos óvulos — o que reduz as chances de gravidez, sobretudo com o passar dos anos.

Outros fatores

Além das alterações físicas e inflamatórias, a endometriose pode estar associada a alterações hormonais e imunológicas que dificultam a implantação do embrião no útero.

O importante é saber: existem caminhos possíveis, mesmo para mulheres com endometriose avançada. E o primeiro passo é buscar uma equipe especializada para investigar com profundidade.

Quais graus de endometriose têm maior impacto sobre a fertilidade?

A endometriose é classificada em quatro graus (ou estágios), de acordo com a extensão, profundidade e localização das lesões. Esse critério ajuda os médicos a entenderem o quanto a doença pode comprometer a fertilidade e o funcionamento dos órgãos reprodutivos.

Embora mulheres com qualquer grau de endometriose possam enfrentar dificuldades para engravidar, os estágios mais avançados tendem a gerar um impacto maior.

Classificação da endometriose e seus efeitos sobre a fertilidade:

  • Grau I – Mínima
    Pequenos focos superficiais, geralmente sem aderências.
    ➤ A fertilidade costuma ser preservada, mas a inflamação pélvica pode, em alguns casos, dificultar a fecundação.
  • Grau II – Leve
    Lesões um pouco mais profundas e presença discreta de aderências.
    ➤ Pode começar a afetar a anatomia reprodutiva e a função das trompas.
  • Grau III – Moderada
    Presença de endometriomas (cistos nos ovários) e aderências mais significativas.
    ➤ Compromete a reserva ovariana, altera a anatomia e dificulta a ovulação e captação do óvulo.
  • Grau IV – Grave
    Lesões extensas, aderências densas, envolvimento de órgãos como intestino e bexiga.
    ➤ Alto impacto na fertilidade, com grandes chances de comprometimento anatômico e funcional.

Apesar disso, o grau da endometriose não é o único fator determinante. A idade da paciente, sua reserva ovariana, o tempo de tentativas e o histórico clínico devem ser avaliados em conjunto para uma abordagem individualizada.

Quando a dificuldade para engravidar pode ser um sinal de endometriose?

Nem toda dificuldade para engravidar está relacionada à endometriose — mas, em muitos casos, ela pode ser a causa silenciosa por trás da infertilidade. Isso porque a doença, muitas vezes, não dá sinais evidentes, ou seus sintomas são confundidos com “cólicas normais”.

Fique atenta se:

  • Você está tentando engravidar há mais de 12 meses (ou 6 meses, se tiver mais de 35 anos) sem sucesso
  • Já recebeu diagnóstico de cistos nos ovários, adenomiose, miomas ou alterações pélvicas
  • Sente cólicas menstruais intensas, que não melhoram com analgésicos comuns
  • Apresenta dor pélvica constante, mesmo fora do período menstrual
  • Tem dor durante a relação sexual ou desconforto ao evacuar e urinar no período menstrual
  • histórico familiar de endometriose

Se você se identificou com uma ou mais dessas situações, o ideal é procurar um ginecologista com experiência em endometriose e fertilidade. O diagnóstico precoce pode ampliar suas opções de tratamento e aumentar as chances de sucesso na gestação.

Exames que ajudam no diagnóstico da endometriose em mulheres com infertilidade

Quando a endometriose e a fertilidade estão em pauta, a investigação deve ser precisa e cuidadosa. Nem sempre a doença é visível em exames ginecológicos simples. 

Por isso, testes específicos e detalhados são fundamentais para identificar lesões, aderências e o grau de comprometimento dos órgãos reprodutivos. É importante que os exames diagnósticos para endometriose sejam realizados por profissionais médicos experientes.

Ultrassonografia com preparo intestinal

Esse exame de imagem é feito com o intestino previamente limpo, o que permite uma visualização mais clara de eventuais focos de endometriose profunda — principalmente em regiões como reto, septo vaginal, bexiga e ligamentos uterinos. É um dos métodos mais utilizados atualmente por especialistas na área.

Ressonância magnética pélvica

A ressonância fornece imagens de alta definição dos órgãos da pelve e ajuda a mapear com precisão a localização e a profundidade dos focos de endometriose. Também é útil para avaliar a presença de aderências e endometriomas nos ovários.

Videolaparoscopia

É considerada o exame mais completo para diagnóstico e tratamento da endometriose. Trata-se de um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, que permite visualizar diretamente os focos da doença e, se necessário, removê-los na mesma intervenção. Além do diagnóstico, é uma forma eficaz de tratamento. 

A videolaparoscopia hoje é pouco realizada para fins de diagnóstico em função da alta acurácia dos exames de imagem. 

Tratamentos que podem melhorar as chances de gravidez

A boa notícia é que, com acompanhamento especializado, muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar — de forma natural ou com o auxílio da medicina reprodutiva. A escolha da melhor abordagem depende do grau da doença, idade da paciente, tempo de tentativas e outros fatores individuais.

Opções terapêuticas incluem:

  • Cirurgia para remoção dos focos de endometriose
    Indicada em casos de endometriose em qualquer grau, especialmente quando há dor intensa ou distorção anatômica. A remoção dos focos e das aderências pode melhorar significativamente a fertilidade natural.
  • Tratamentos hormonais
    Servem para controlar a progressão da doença e aliviar os sintomas. Embora não aumentem diretamente as chances de gravidez, podem ser úteis em um plano de tratamento a médio ou longo prazo, preparando o corpo para uma futura gestação.

 Durante o tratamento hormonal não há possibilidade de gravidez, pois os hormônios utilizados interferem diretamente com a ovulação, fecundação ou implantação do embrião.

  • Reprodução assistida (FIV – Fertilização in vitro)
    Em alguns casos, como baixa reserva ovariana, obstrução das trompas ou idade avançada, a FIV é a alternativa mais eficaz. A técnica permite fertilizar os óvulos fora do corpo e transferir embriões saudáveis para o útero, aumentando as chances de sucesso mesmo em casos complexos de endometriose.

Cada caso é único, e por isso, o mais indicado é construir um plano individualizado com uma equipe multidisciplinar que compreenda a fundo a interação entre endometriose e fertilidade.

Por que buscar um centro especializado é essencial

Quando o assunto é endometriose e fertilidade, o caminho mais seguro e eficaz é contar com uma equipe que compreenda a complexidade da doença — não apenas em seus sintomas físicos, mas também nos impactos hormonais, emocionais e reprodutivos.

Em um centro especializado, como a Endometriose Brasília, o tratamento é personalizado e integrado, reunindo profissionais experientes das áreas de:

  • Ginecologia
  • Reprodução humana
  • Cirurgia minimamente invasiva
  • Psicologia
  • Nutrição
  • Especialistas em dor e saúde emocional

Essa abordagem multidisciplinar garante um plano de cuidado completo, desde o diagnóstico até as alternativas terapêuticas mais adequadas ao seu caso — seja para controle da dor, melhora da fertilidade natural ou sucesso em técnicas de reprodução assistida.

Você não está sozinha. Com o suporte certo, há caminhos possíveis.

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